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Título: Sementes crioulas: resistência camponesa à colonização da vida no sudoeste do Paraná
Título(s) alternativo(s): Creole seeds: peasant resistance to the colonization of life in southwest Paraná
Autor(es): Costa, Brendo Henrique da Silva
Orientador(es): Wedig, Josiane Carine
Palavras-chave: Sementes
Agrobiodiversidade
Sementes - Armazenamento
Sementes - Qualidade
Cultivos agrícolas
Seeds
Agrobiodiversity
Seeds - Storage
Seeds - Quality
Crops
Data do documento: 28-Fev-2023
Editor: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus: Pato Branco
Citação: COSTA, Brendo Henrique da Silva. Sementes crioulas: resistência camponesa à colonização da vida no sudoeste do Paraná. 2023. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2023.
Resumo: Esta dissertação busca compreender os saberes localizados mobilizados pelas/os agricultoras/es do Sudoeste do Paraná em suas relações com as sementes crioulas. Os saberes localizados são aqueles produzidos e contextualizados por meio de experiências específicas e situadas em um tempo e espaço determinados. As sementes são elementos chave na produção dos alimentos e estão intimamente ligadas aos saberes e práticas das comunidades que as cultivam. Essas sementes, denominadas na região em estudo como sementes crioulas, são fruto de saberes acumulados ao longo de gerações, que se adaptaram às condições climáticas, ecológicas e geográficas. A emergência do sistema mundo colonial/moderno, a partir do século XV, promoveu intensas rupturas nas interações entre humanos, sementes e outros seres vivos. Os sistemas agrícolas foram simplificados, por meio do estabelecimento das plantations, que instituíram a mercantilização de plantas, animais e pessoas, levando à intensificação das monoculturas. Decorrente disso, surge o Plantationoceno. Com a Revolução Verde, novas configurações entre agricultura e indústria levaram ao controle das sementes por empresas multinacionais, localizadas fundamentalmente no norte global. Ao mesmo tempo, agricultoras/es, indígenas e outras comunidades tradicionais continuaram a defender o uso e a reprodução de suas sementes e de suas formas de fazer agricultura. A pesquisa foi desenvolvida através da realização de etnografia, com ênfase em entrevistas, observação participante e análise documental. Adotando o pressuposto da chamada etnografia multiespécies, esta pesquisa esteve atenta a outros seres que vão se associando às sementes e aos humanos nessa tessitura de saberes, a saber, plantas, animais, terra, água, microrganismos etc. Os resultados da pesquisa demonstram que as relações estabelecidas com as sementes crioulas transbordam o cultivo e a agricultura em si, pois envolvem afetividades, trocas entre vizinhos e famílias, reconhecimento coletivo, participação em festas e feiras de sementes. Além disso, as/os agricultoras/es expressam o sentimento de medo de que essas sementes desapareçam, em razão do avanço da agricultura convencional na região, que faz uso intenso de sementes transgênicas e agrotóxicos, práticas associadas à erosão da biodiversidade. Assim, a pesquisa aponta ainda agendas futuras, sobretudo, ao que se refere à conservação das sementes crioulas enquanto estratégia de proteção da sociobiodiversidade e da própria agricultura de base familiar, já que as sementes são capazes de mobilizar desde a produção de alimentos ao afeto.
Abstract: This dissertation seeks to understand the localized knowledge mobilized by the farmers of the Southwest of Paraná in their relations with the Creole seeds. Localized knowledge is produced and contextualized through specific experiences and situated in a given time and space. Seeds are crucial elements in food production and are closely linked to the knowledge and practices of the communities that grow them. These seeds, called in the region under study Creole seeds, result from knowledge accumulated over generations, which have adapted to climatic, ecological, and geographical conditions. The emergence of the colonial/modern world•system, from the fifteenth century onwards, promoted intense ruptures in the interactions between humans, seeds, and other living beings. Agricultural systems were simplified through the establishment of plantations, which instituted the commodification of plants, animals, and people, intensifying monocultures. As a result, Plantationocene emerges. With the Green Revolution, new configurations between agriculture and industry led multinational companies in the global north to control seeds. At the same time, farmers, indigenous peoples, and other traditional communities continued to advocate for using and reproducing their seeds and ways of doing agriculture. The research was developed through ethnography, emphasizing interviews, participant observation, and documentary analysis. Adopting the assumption of the so•called multispecies ethnography, this research was attentive to other beings associated with seeds and humans in this fabric of knowledge, namely, plants, animals, earth, water, microorganisms, etc. The research results demonstrate that the relationships established with Creole seeds overflow the cultivation and agriculture because they involve affections, exchanges between neighbors and families, collective recognition, and participation in festivals and seed fairs. In addition, farmers fear that these seeds will disappear due to the advance of conventional agriculture in the region, which makes intense use of transgenic seeds and pesticides, practices associated with the erosion of biodiversity. Thus, the research also points to future agendas, especially regarding conserving Creole seeds to protect sociobiodiversity and family•based agriculture since seeds can mobilize from food production to affection.
URI: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/31487
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