Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/32077
Título: O direito a ter direitos: caminhos percorridos pelas transmasculinidades para acesso às tecnologias de gênero
Título(s) alternativo(s): The right to have rights: paths taken by transmasculinities to access gender technologies
Autor(es): Carvalho, Ana Maria de
Orientador(es): Casagrande, Lindamir Salete
Palavras-chave: Transexualidade
Homens transgênero
Tecnologia
Transexuais
Acesso aos serviços de saúde
Transfobia
Identidade de gênero - Aspectos sociais
Sistema Único de Saúde (Brasil)
Transsexualism
Transgender men
Technology
Transsexuals
Health services accessibility
Transphobia
Gender identity - Social aspects
Data do documento: 26-Jun-2023
Editor: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus: Curitiba
Citação: CARVALHO, Ana Maria de. O direito a ter direitos: caminhos percorridos pelas transmasculinidades para acesso às tecnologias de gênero. 2023. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2023.
Resumo: O objetivo desta tese foi analisar as percepções de homens trans e transmasculines, relacionadas ao acesso e acompanhamento especializado para o atendimento das especificidades do Processo Transexualizador (PrTr) instituído pelo SUS. Colocou-se em questão o modo como ocorre a prestação dos serviços aos que decidem pela transição corporal, por meio do PrTr. Considerando a precariedade do acesso aos cuidados em saúde à população LGBTQIA+, em especial à população transmasculina que antecede o acesso ao PrTr, em face da incidência de queixas e constrangimento por preconceito e/ou despreparo de agentes da saúde, também abordamos essas questões. Analisamos, a partir do olhar dos interlocutores desta pesquisa, as contradições dessa dinâmica, vez que, em sua formulação, o SUS é pautado por diretrizes de universalidade, integralidade e equidade, no entanto, pode ser fonte geradora de agravamentos à saúde física e mental, além da violação de direitos. Por isso, problematizamos a prevalência de práticas discursivas que levam as estruturas sociais a reproduzir exclusões às vivências que escapam das normativas de gênero. Para o corpus empírico, contamos com 70 interlocutores de 17 estados brasileiros, cuja participação ocorreu por meio do preenchimento de um questionário on-line com questões abertas e fechadas. Ao longo da tese, provocamos a pensar as percepções e afetos nas construções e representações sociais de gênero de homens trans ou transmasculines, aos que decidem acessar o PrTr para transição corporal, com relação à (in)suficiência de incentivos para inovações científicas e tecnológicas, bem como a oferta dos insumos pelo SUS. Como método para interpretação e análises dos dados, espelhamo-nos nas fundamentações para análise de discurso crítica em conexão com o arcabouço teórico, priorizando epistemologias de autores e autoras LGBTQIA+ que iluminaram a busca por práticas discursivas contra-hegemônicas aos silenciamentos que tendem a deslegitimar as vivências e subjetividades de homens trans e transmasculines nas construções de si, vez que mudanças discursivas e culturais promovem deslocamentos e fissuras para transformações sociais no acolhimento e equidade no âmbito da saúde e nas demais esferas da vida em sociedade. Esta tese, portanto, põe em evidência e reivindica a urgência da ampliação de acesso às tecnologias de gênero por meio do PrTr/SUS para a garantia do direito a ter direitos, bem como para atenuação aos quadros de violações que se encontram, em face da ausência do Estado/SUS, que potencializa as fragilidades, inclusive a existencial, conforme observamos nas representações de grande parte dos interlocutores. Ressaltamos que as identidades de gênero das pessoas trans não são subordinadas à validação de processos biotecnológicos, e defendemos a primazia das autorrepresentações e construções subjetivas das identidades de gênero. Contudo, sendo as identidades estabelecidas nas relações sociais, lançar mão das tecnologias de gênero, cujos dispositivos acionam técnicas, procedimentos, práticas e discursos à produção de sujeitos, essas coadunam com as reflexões acerca da produção das corporalidades e construções de si, bem como pode contribuir com a eliminação das violações, atrocidades e demais práticas criminosas que assolam e rondam as vivências de pessoas transmasculinas.
Abstract: The aim of this dissertation was to shed light on the perceptions of trans and transmasculine men, related to access and specialized monitoring for the care of the specificities of the Transsexualization Process (PrTr) instituted by the SUS – Brazilian Public Health System. It was put into question, how the provision of services occurs to those who decide for the body transition, through the PrTr. Considering the precariousness of access to health care for the LGBTQIA+ population, especially the transmasculine population before the access to PrTr in face of the incidence of complaints and embarrassment due to prejudice and/or unpreparedness of health agents, these issues were also addressed. We analyze, from the point of view of the interlocutors of this research, the contradictions of this dynamic, since in its formulation the SUS is guided by guidelines of universality, integrality and equity, however, it can be a generating source of aggravations to physical and mental health and violation of rights. Therefore, we problematize the prevalence of discursive practices that lead social structures to reproduce exclusions to a living that differs from gender normative. For the empirical corpus, we counted on 70 interlocutors from 17 Brazilian states whose participation occurred through the completion of an online questionnaire with open and closed questions. Throughout the dissertation, we gave thought to the perceptions and affections in the constructions and social representations of gender of trans or transmasculine men, to those who decide to access PrTr for body transition, regarding the (in)sufficiency of incentives for scientific and technological innovations, as well as, the supply of inputs by the SUS. As a method for data interpretation and analysis, we mirrored the foundations for critical discourse analysis in connection with the theoretical framework, prioritizing epistemologies of LGBTQIA+ authors who inspired the search for counter-hegemonic discursive practices to the silences that tend to delegitimize the living and subjectivities of trans and transmasculine men in the constructions of the self, since discursive and cultural changes promote shifts and fissures for social transformations in the reception and equity in health and other spheres of life in society. This thesis, therefore, highlights and claims the urgency of the expansion of access to gender technologies through the PrTr/SUS to guarantee the right to have rights, as well as, to mitigate the violations that are found in the absence of the State/SUS that enhances the fragilities, including existential, as we observed in the representations of most of the interlocutors. We emphasize that the gender identities of trans people are not subordinated to the validation of biotechnological processes, and we defend the primacy of self-representations and subjective constructions of gender identities. However, as identities are established in social relations, the use of gender technologies, whose mechanisms trigger techniques, procedures, practices and discourses to the production of subjects, are aligned with the reflections about the production of corporeality and constructions of the self, and can contribute to the elimination of violations, atrocities and other criminal practices that plague and surround the experiences of transmasculine people.
URI: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/32077
Aparece nas coleções:CT - Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
direitostransmasculinidadestecnologiasgenero.pdf2,71 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Este item está licenciada sob uma Licença Creative Commons Creative Commons